terça-feira, 12 de maio de 2015

Alberto Porfírio da Silva (1926-2009)

Alberto Porfírio foi um escultor, xilogravurista, poeta popular e repentista quixadaense. Figura amada e respeitada no meio da cantoria e do cordel, foi considerado um dos expoentes da poesia popular cearense.
(Foto: Alberto Porfírio. Fonte: Internet)

Porfírio desenvolveu sua leitura por meio de cordéis de Leandro Gomes de Barros, João Martins de Ataíde, Luís da Costa Pinheiro e outros. Com a seca de 1942, em plena II Grande Guerra, partiu, com a viola e cantoria, para ganhar a vida. Porém, alistou-se como "soldado da borracha", desistindo pouco antes da partida. O navio que levou os demais companheiros foi torpedeado e todos foram mortos. Retornou aos estudos com mais idade, estudando na sala ginasial ao lado de seu filho mais velho. Mais tarde, tornou-se professor pela Universidade Federal do Ceará. Poeta popular recebeu das mãos da Condessa Pereira Carneiro, do Jornal do Brasil, menção honrosa especial pelos seus trabalhos como cantor-repentista.

Já com saúde debilitada em função de um Acidente Vascular Cerebral (AVC), Alberto Porfírio faleceu em 23 de setembro de 2009 devido complicações pulmonares de uma silicose causadas pelo constante contato com cimento, material utilizado em suas esculturas. Foi sepultado no cemitério da Parangaba, em Fortaleza. Deixou sete filhos, vinte netos e dez bisnetos.

Foi autor de inúmeros cordéis além de publicar obras como Poetas Populares e Cantadores do Ceará (1977), Os Cem Sonetos, O Livro da Cantoria (1997), além de outras como Porque não aprendi a ler, No tempo da lamparina, Eu gostei mais foi do cão, Cantiga da Dorinha e A estátua de Jorge. Escreveu um livro de sonetos e outro sobre as noites de viola na Casa de Juvenal Galeno.

Viajou pelo Brasil divulgando a arte do repente e da poesia popular. Participou de pelejas, congressos e da fundação da Casa do Poeta Brasileiro em Brasília. Ministrou cursos de cantoria pelo rádio e criou esculturas em diversas partes do Brasil, dentre as quais a do Cego Aderaldo e de Domingos Fonseca. Depois do AVC e já com saúde debilitada, decidiu escrever sua Autobiografia narrando sua vida e sua obra em prosa e versos com lembranças de 1926 até 2006. Impedido de escrever com os próprios punhos, coube a sua filha transcrever para o papel o que era dito por ele. Lançada um ano após sua morte em solenidade na Casa de Juvenal Galeno, a autobiografia contém 350 páginas 

Esculturas de sua autoria encontram-se espalhadas por vários estados do Brasil, inclusive no sítio da Índia, em Quixadá.

Segundo conta sua sobrinha, Maria Genézia, após uma visita do tio à sua residência, ficou encantado com a beleza do lugar, cercado de rochas e disse que o lugar dele seria ali. Comprou um pedacinho de chão, onde construiu sua casinha branca e começou a trabalhar em suas esculturas. Ao longo dos anos esculpiu sua arte nos monólitos de sua terra natal, no seu recanto predileto, que ganhou o nome de Sítio da Índia, localizado no bairro do São João. A beleza do lugar e a grande quantidade de esculturas representativas de personagens e fatos históricos de Quixadá transformaram aquele pedacinho do paraíso em mais uma atração turística. Lá se pode ver a escultura de Rachel de Queiroz, da índia e poemas escritos em letras de cimento. Dona Genézia, sua sobrinha é quem continua cuidando do sítio, com muitas dificuldades, por sinal.

(Foto: Índia, de Alberto Porfírio, localizada no Sítio da Índia. Fonte: Internet)

Para quem quiser visitar o Sítio da Índia, o endereço é Rua Argentina, 127, bairro São João- Quixadá-Ce.

Um comentário:

  1. Infelizmente o Sìtio da India esta abandonado.
    Falta colaboração dos órgâos Públicos e da população para preservar a cultura local.

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