terça-feira, 12 de maio de 2015

Raimundo Waldizar Viana

Raimundo Waldizar Viana, autor da bandeira de Quixadá e de quadros retratando o Quixadá antigo (rural e urbano). Foi um dos músicos fundadores da banda de música de Quixadá. Pintor, desenhista, músico, escultor, entre tantas outras especialidades nas artes. Ele é um grande criador de obras de arte. É um artista plástico que muito nos orgulha.

(Foto: Waldizar Viana.)

Ainda criança, já mostrava tendência para as artes. Estudando com a professora Irene Pinheiro, na escolinha do Alto do São Francisco, chamava a atenção pelo fato de ficar rabiscando livros, cadernos. Algo o impulsionava a ficar sempre desenhando. Ainda adolescente, ficou impressionado com um desenho na parede, feito à lápis,na casa de seu vizinho, Manuel Cunha(Coquinho). Era uma maria -fumaça. Nunca esqueceu aquela imagem. Prestava muito atenção aos quadros nas paredes das casas dos amigos. Na casa de outro amigo, o Geraldinho (filho da Maria do Dedé Soares), ficava contemplando por horas, um quadro em que um homem, montado num cavalo e puxando outro, na beira de um lago. 14 anos incompletos e o menino fez o seu primeiro quadro, na parede da casa, utilizando tintas comuns. O "Chalé da Pedra" foi seu primeiro desenho. Os pais ficaram encantados e uma vizinha por nome Maria das Dores afirmou com ar de certeza "Nesta casa, mora um artista".

O adolescente Waldizar caminhava pela sua bela Quixadá e parava para admirar os letreiros feitos por Antônio Saraiva, nos muros, em várias partes. Além dos letreiros, desenho de animais, casas, instrumentos. Antônio Saraiva foi, sem dúvida, seu primeiro ídolo. Na oficina do Mestre Furtado, onde trabalhava seu irmão Joaquim, ficava contemplando cartolinas penduradas na parede, com lindos desenhos. O autor Antônio Piroba, era conhecido na cidade como desenhista de muitos talentos. Sempre passava em frente à casa do bancário Narcílio Bezerra, filho do Senhor Hercílio Bezerra para admirar as paisagens lindas, presentes na fachada da casa. Era a década de 60! Muitos frequentadores do extinto "Cine Quixadá", além dos filmes, curtiam os cartazes desenhados por Waldizar e seu amigo Jocineide. Estava decidido a ser artista, a não parar mais de pintar. Precisava lapidar a sua vocação e fez um curso por correspondência na "Escola Panamericana de Artes" que lhe foi de grande utilidade. 

Profissionalmente, sem primeiro quadro foi " A Degolação de São Batista". O artista é admirador de pinturas sacras, sendo um dos temas mais utilizados na sua arte. Precisava trabalhar e na loja do Senhor Henrique expunha seus trabalhos, chamando a atenção de muita gente. Um quadro mostrando uma cena nordestina chamou a atenção da escritora Rachel de Queiroz e o jovem artista a presenteou. Pouca gente sabe mas Waldizar é o autor da bandeira do município. Era o ano de 1967 e o prefeito José da Páscoa designou uma comissão para falar com o artista, formada por Fernando Turbay, Maura Capistrano, Antônio Capistrano. O trabalho foi muito elogiado. O dono da loja, Senhor Henrique, certa vez falou: "O Viana não nasceu para o balcão e sim para as artes". Na loja mesmo, desenhava pessoas, conhecidas na cidade como Maurício Holanda, Senhor Nobre e outros. As encomendas de desenhos aumentavam a cada dia. Então, Waldizar já era considerado um grande artista.

Naqueles anos na terra dos monólitos, a arte teatral explodia, envolvendo um grande número de jovens atores e adultos. Waldizar era o responsável pela cenografia, ou seja, a arte presente na parede do fundo do palco. E aí, muita emoção, veio a primeira exposição que aconteceu no "Teatro Alberto Baquit Junior", dezembro de 1969. Se faz necessário afirmar que no tempo que morou em Fortaleza, participou de várias exposições sendo bastante elogiado por grandes mestres da pintura cearense. Meados dos anos 70! Na capital, teve contato com consagrados artistas plásticos que lhe passaram muitas informações. Em Fortaleza, como também na terra dos monólitos, participou de exposições individuais e coletivas. Em Fortaleza, trabalhando como desenhista publicitário, realizou trabalhos para grandes veículos da comunicação escrita. Mas em 1981, veio embora definitivamente para sua cidade natal pois havia sido aprovado num concurso do "Inamps"; Não demorou e organizou um atelier em sua própria casa, o lugar em que mais gosta de ficar e que é bastante visitado. 

O artista plástico quixadaense é bastante requisitado por grandes escritores para a confecção das artes presentes na capa e no interior dos livros. Foi bastante elogiado o seu trabalho realizado nos livros "Retalhos da História de Quixadá" e "Ruas que Contam a Nossa História" de autoria do escritor João Eudes Costa.


Atelier Waldizar Viana, no município de Quixadá.

Travessa Juscelino Kubitschek, 224
Alto São Francisco - Quixadá - CE

FONTE: http://amadeufilhoquixada.blogspot.com.br/2013/04/quixada-e-assim-maioria-dos.html

Alberto Porfírio da Silva (1926-2009)

Alberto Porfírio foi um escultor, xilogravurista, poeta popular e repentista quixadaense. Figura amada e respeitada no meio da cantoria e do cordel, foi considerado um dos expoentes da poesia popular cearense.
(Foto: Alberto Porfírio. Fonte: Internet)

Porfírio desenvolveu sua leitura por meio de cordéis de Leandro Gomes de Barros, João Martins de Ataíde, Luís da Costa Pinheiro e outros. Com a seca de 1942, em plena II Grande Guerra, partiu, com a viola e cantoria, para ganhar a vida. Porém, alistou-se como "soldado da borracha", desistindo pouco antes da partida. O navio que levou os demais companheiros foi torpedeado e todos foram mortos. Retornou aos estudos com mais idade, estudando na sala ginasial ao lado de seu filho mais velho. Mais tarde, tornou-se professor pela Universidade Federal do Ceará. Poeta popular recebeu das mãos da Condessa Pereira Carneiro, do Jornal do Brasil, menção honrosa especial pelos seus trabalhos como cantor-repentista.

Já com saúde debilitada em função de um Acidente Vascular Cerebral (AVC), Alberto Porfírio faleceu em 23 de setembro de 2009 devido complicações pulmonares de uma silicose causadas pelo constante contato com cimento, material utilizado em suas esculturas. Foi sepultado no cemitério da Parangaba, em Fortaleza. Deixou sete filhos, vinte netos e dez bisnetos.

Foi autor de inúmeros cordéis além de publicar obras como Poetas Populares e Cantadores do Ceará (1977), Os Cem Sonetos, O Livro da Cantoria (1997), além de outras como Porque não aprendi a ler, No tempo da lamparina, Eu gostei mais foi do cão, Cantiga da Dorinha e A estátua de Jorge. Escreveu um livro de sonetos e outro sobre as noites de viola na Casa de Juvenal Galeno.

Viajou pelo Brasil divulgando a arte do repente e da poesia popular. Participou de pelejas, congressos e da fundação da Casa do Poeta Brasileiro em Brasília. Ministrou cursos de cantoria pelo rádio e criou esculturas em diversas partes do Brasil, dentre as quais a do Cego Aderaldo e de Domingos Fonseca. Depois do AVC e já com saúde debilitada, decidiu escrever sua Autobiografia narrando sua vida e sua obra em prosa e versos com lembranças de 1926 até 2006. Impedido de escrever com os próprios punhos, coube a sua filha transcrever para o papel o que era dito por ele. Lançada um ano após sua morte em solenidade na Casa de Juvenal Galeno, a autobiografia contém 350 páginas 

Esculturas de sua autoria encontram-se espalhadas por vários estados do Brasil, inclusive no sítio da Índia, em Quixadá.

Segundo conta sua sobrinha, Maria Genézia, após uma visita do tio à sua residência, ficou encantado com a beleza do lugar, cercado de rochas e disse que o lugar dele seria ali. Comprou um pedacinho de chão, onde construiu sua casinha branca e começou a trabalhar em suas esculturas. Ao longo dos anos esculpiu sua arte nos monólitos de sua terra natal, no seu recanto predileto, que ganhou o nome de Sítio da Índia, localizado no bairro do São João. A beleza do lugar e a grande quantidade de esculturas representativas de personagens e fatos históricos de Quixadá transformaram aquele pedacinho do paraíso em mais uma atração turística. Lá se pode ver a escultura de Rachel de Queiroz, da índia e poemas escritos em letras de cimento. Dona Genézia, sua sobrinha é quem continua cuidando do sítio, com muitas dificuldades, por sinal.

(Foto: Índia, de Alberto Porfírio, localizada no Sítio da Índia. Fonte: Internet)

Para quem quiser visitar o Sítio da Índia, o endereço é Rua Argentina, 127, bairro São João- Quixadá-Ce.

Quixadá e seus Eventos Culturais

Encontro dos Profetas da Chuva – em janeiro.

Reisado da Boa Água sai pelo distrito do Cipó dos Anjos, com caretas dizendo “relaxos” (versos irreverentes) que invertem a ordem vigente – dia 06 de janeiro.

Carnaval com apresentações de bandas e blocos carnavalescos, acontece na praça José de Barros – em Fevereiro ou Março.

Sexta-Feira Santa em que se encena a Paixão de Cristo no Santuário de Nossa Senhora Imaculada Rainha do Sertão e no bairro São João – em Março ou Abril.

Dia do Trabalhador, com distribuição de presentes e shows musicais na Praça José de Barros – 1º de maio.

Pula Fogueira, festa junina que acontece na Praça José de Barros durante 3 ou 4 dias, onde quadrilhas competem entre si, barracas oferecem comidas e bebidas típicas, e bandas se apresentam – em Junho.

Festival do Feijão, realizado no Cipó dos Anjos, para festejar e agradecer a Deus o sucesso da colheita do grão. Nele há concursos gastronômicos com variado cardápio elabora a partir do feijão, escolha da rainha, missas, bingos, quadrilhas, etc. – em Junho.

Festival do Milho, realizado na Califórnia. O evento é parecido com o Festival do Feijão, porém as comidas encontradas no evento são feitas a base de milho. – em Junho.

Sertão Esporte e Aventura, com competição em várias modalidades do esporte de aventura ou radicais. – em Julho.

Olimpíadas do distrito de São João dos Queirozes, que acontece desde 1988 no Ginásio Poliesportivo Fernando Holanda. Além dos esportes olímpicos, estão incluídos esportes da cultura local, como por exemplo a cavalhada, a sinuca, o motocross e o jogo de bila, este último para as crianças. – em Julho.

Quixadá Gospel Music na Praça José de Barros com apresentação de artistas gospel – em Agosto.
Expocece (Exposição de Ovinos e Caprinos do Estado do Ceará) no parque Valdir do Couto Dinelly, caminho do Cedro – em Agosto.

Aniversário da Cidade com diversas atividades culturais – em 27 de Outubro.

FENERCE (Feira de Negócios da Região Centro do Estado) realizada pelo Sebrae, estimula o comércio das microempresas da região. Acontece na Praça Francisco Gladson Martins Jucá (popularmente conhecida Praça da Cultura ou Praça do Chalé) e conta com stands de várias empresas locais e vizinhas, além de desfiles, música e sorteio de brindes cedidos pelos empresários participantes do evento.

Meeting Internacional de Voo Livre e o X-Ceará – em Outubro.

Natal Cultural com apresentação de corais e sorteio de brindes na Praça José de Barros. No mesmo período há também o pastoril ou as pastorinhas do distrito de Juatama. - 24 de Dezembro.

Reveillon Popular na Praça José de Barros com show de fogos de artifício no topo da Pedra do Cruzeiro e show musical na Praça José de Barros – 31 de Dezembro.


Caso saiba de algum evento que não esteja na lista acima é só deixar um comentário. ;)

segunda-feira, 4 de maio de 2015

SÍTIO DA ÍNDIA

Matéria do Diário do Nordeste


SÍTIO da ÍNDIA > Recanto cultural está abandonado e esquecido em Quixadá - Publicado em 03/05/2015 - por Alex Pimentel


Terra dos Monólitos, dos esportes de aventura e do abandono. Essa é a observação de quem tem sensibilidade e se interessa pelas riquezas naturais e culturais de Quixadá, considerada uma das mais belas cidades do Ceará e do Brasil, elogiada e versos pelo escultor, xilógrafo e poeta popular Alberto Porfírio no recanto especialmente criado por ele ao longo de décadas, o Sítio da Índia.

Em 2012, o Diário do Nordeste alertava para a possibilidade do legado deixado pelo artista Alberto Porfírio, falecido há cinco anos, se transformar em ruínas por falta de verba para sua preservação. Passados quase três anos a situação é de abandono. A família não tem como manter com recursos próprios a limpeza do lugar e nem a manutenção das esculturas e letreiros poéticos espalhados pelo sítio.

Uma sobrinha do mestre Alberto Porfírio, Maria Genézia da Silva Lima, alertava para as dificuldades de preservação do lugar. Raros eram os visitantes que faziam alguma doação para pagamento das despesas. Por conta do abandono, hoje, praticamente não há mais visitas de caravanas e nem de grupos de estudantes ao sítio.


Sítio da Índia

Realizando pesquisas sobre Quixadá o empresário Fernando Lessa encontrou a reportagem sobre o Sítio da Índia, publicada em 1º de novembro de 2012. “Fui então conferir como estava o local e fiquei bastante triste com o estado de abandono das obras. A falta de manutenção está levando as esculturas à decadência. A principal referência, a estátua da índia, está prestes a quebrar ao meio, sem contar o mato e o lixo que se acumula no lugar”, comentou numa rede social.


Além do Sítio da Índia, a Pedra do Cruzeiro, o Santuário de São Francisco, o Lago dos Monólitos, a Casa de Cego Aderaldo e o Açude Cedro precisam de cuidados.